As duas fotos em anexo descrevem o essencial do projeto LIFE-Maronesa.
Foram tiradas, dia 24 de Outubro, no baldio de Alvadia (concelho de Ribeira de Pena). Ambas as áreas foram percorridas pelos fogos de há um mês. Numa nasceu a erva, na outra não.
Porquê?
Na área verde, o urzal era esparso e baixo, a erva abundante e, implicitamente, as sementes e os rizomas das gramíneas. Na área cinzenta, o urzal era denso, contínuo e alto (> 1,5 m), com uma grande massa de combustível fino próximo do solo. No verde, o fogo de verão poupou as sementes, não entrou no solo, fertilizou a terra e a erva perene despontou rapidamente com as primeiras chuvas, à custa das reservas acumuladas nos rizomas e nas toiças durante a primavera. As folhas verdes convertem a luz solar em biomassa, protegem a terra, carregam o solo de carbono e alimentam as vacas. As vacas, por seu turno, ciclam os nutrientes e aceleram a recuperação do coberto vegetal.
Na área cinzenta, as poucas sementes e outros diásporos pré-existentes de plantas herbáceas foram calcinados pelo fogo, o solo está desprotegido, muitos nutrientes foram arrastados pela água da chuva (o fósforo por exemplo), e uma parte significativa da matéria orgânica do solo esvaiu-se para a atmosfera na forma de dióxido carbono, um poderoso gás com efeito de estufa. A recolonização pelo verde será lenta. Algumas toiças – não todas porque a mortalidade é elevada – rebentarão na primavera. Porém, durante anos a vegetação será dominada por musgos e por plantas anuais, fugazes, pouco produtivas, sem interesse forrageiro, de sementes pequenas arrastadas pelo vento, como é o caso da infelizmente famosa erva-fome (Agrostis truncatula).
Segunda pergunta: como ter os montes verdes, produtivos e diversos em paisagens com elevado risco de fogo de verão?
Controlar os combustíveis finos com pastoreio e fogo de baixa intensidade em ciclos curtos de recorrência (prescrito e/ou pastoril). O mato não pode subir muito acima do joelho. Quer queira quer não, o solo, a diversidade biológica e a produção de riqueza protegem-se com mais e melhor fogo. Não há outro caminho.