No passado 10 de março, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, no âmbito das IX Jornadas Internacionais de Bovinicultura, sob o tema “Futuro do setor da Bovinicultura em Portugal”, organizadas pela IAAS-Associação Internacional de Estudantes de Agricultura, tivemos oportunidade de dar a conhecer junto do setor o trabalho desenvolvido pelo LIFE Maronesa.
A apresentação “Pastoreio e sequestro de carbono nas montanhas do norte e centro de Portugal: a experiência do projeto LIFE Maronesa” centrou-se numa importante questão: pode a bovinicultura de montanha ser clima positiva? I.e., sequestrar mais gases de estufa do que os libertados nos dejetos e pela fermentação entérica (quantificação em CO2 eq.)?
A resposta é sim, sob duas condições: 1) se o stock de carbono orgânico armazenado no compartimento solo do sistema de produção estiver muito abaixo do potencial de sequestração; 2) se o fogo de elevada intensidade for eficazmente substituído pela combinação de fogo de inverno + pastoreio (herbivoria pírica).
Assim acontece no território do LIFE-Maronesa. Décadas de fogo de elevada intensidade mineralizaram uma massa imensa de matéria orgânica do solo nas montanhas temperadas portuguesas. Os técnicos de fogo e os nossos criadores de gado provaram que a herbivoria pírica funciona nestas condições agroecológicas.
Ainda que no médio-longo prazo o stock venha a ser reposto, a herbivoria, de gado doméstico e/ou bravio, será instrumental na sua conservação.